Essas notas sáo todas pra vocë, ou posso distribuir para as massas?
Pode distribuir para as massas hahahaha.
Essas notas sáo todas pra vocë, ou posso distribuir para as massas?
Pode distribuir para as massas hahahaha.
Queria saber também como estamos em relação ao OFicina Acadêmica aqui no RJ. Além de acreditar no potencial da ideia, estou cogitando a possibilidade de estudar a execução de tal projeto no meu mestrado.
Em que pé parou o projeto do Organizando a Vida?
Estou achando muito bacana a discussão do texto do Organizando a Vida. Acredito que continuar fazendo isso é um bom caminho, camaradas.
Também concordo que, se há adesão generalizada a algum tipo de “ideário neoliberal”, é preciso ter acontecido anteriormente algum processo de reorganização que tenha provocado impactos significativos na estrutura produtiva e nas relações sociais de produção, o que colabora para que a racionalidade neoliberal consiga “colar”.
Também me incomoda bastante o argumento central de Dardot e Laval. Confesso que a primeira vez que os li – no 3º período da faculdade – achei bem bacana: de fato, é uma explicação que “cola” muito bem à primeira vista. No entanto, acredito que os autores repetem um comportamento que, pelo pouco conhecimento que tenho, também está presente em demais obras foucaltianas – a saber, não identificar “externalidades” que possam ter contribuído para a emergência e consolidação da “subjetividade neoliberal”. Isso me incomoda um pouco, rs. Porque aí fica parecendo que a governamentalidade neoliberal nasceu quase magicamente e, por algum motivo misterioso, “colou”, “pegou” e agora geral reproduz essa racionalidade. Além disso, assim como outros trabalhos foucaultianos aos quais tive contato, Dardot e Laval também acabam caindo numa espécie de reificação da dimensão discursiva (ainda que eu reconheça que a categoria discurso, para os foucaultianos, tenha uma abrangência bem maior do que simplesmente a dimensão da fala, do que se diz) – ela aparece como algo muito mais importante e predominante do que as relações sociais de produção, a base material, etc. Não me lembro em qual texto do Gabriel eu vi isso (talvez lá na aquela entrevista que ele deu para o IHU), mas o grande perigo dessa reificação é o fato de que a radicalização desse raciocínio nos leva a uma situação na qual “falar que vai fazer” é confundido com “fazer”. Isso não é parte da nossa confusão atual com as movimentações do governo Bolsonaro? É claro que as atrocidades que esse cara propaga têm efeitos. No entanto, a nível tático, acredito que seja cada vez mais importante nos esforçamos para distinguir o que ele fala que vai fazer e o que, de fato, ele faz. Ainda que as duas dimensões muitas vezes deem “match” (como, por exemplo, o conhecido posicionamento dele a favor de privatizações e as propostas que estão surgindo na Câmara em relação a isso, etc.), acredito que essa seja uma atitude necessária (até mesmo para a gente não se desesperar, rs).
023, eu sou o sujeito suposto ouvinte. Pode mandar bala hahahaha
Maracujá (para provar que ouvi mesmo o áudio da reunião, rs).
Essa questão do organizando a vida me despertou curiosidade a respeito desses pontos de convergência entre a psicanálise e a militância, alguém pode indicar algumas leituras nesse sentido?
“Adotando o termo teórico de afeto”, o economista e espinosista Frédéric Lordon, em The Economic Catastrophe as a Passionate Event, comenta que as afecções objetivas de, por exemplo, uma crise econômica, são mediadas por afetos coletivos, o que pode torná-la insustentável ou sustentável sem determinabilidade pré-estabelecida. Os efeitos dessas afecções, como reconhecer uma crise como efetivamente uma crise (do capitalismo ou no capitalismo), e seus consequentes conflitos e mudanças, portanto, dependem de fatores como a “exposição dos mecanismos sociais que determinam tal formação [afetiva]: influências miméticas intraindividuais, em que a direção da autoridade é passada pelos interlocutores ou prescritores de opinião concordados, o que é dizer, eles se referem aos pólos do capital simbólico concentrado, entre tantas coisas”.
Contudo — e Lordon não escreve sobre isso — não temos motivos para restringir temporalmente essas dinâmicas afeccionais à conjuntura atual, considerando a proposição XVIII da Parte 3: “O homem, a partir da imagem de uma coisa passada ou futura, é afetado pelo mesmo afeto de Alegria ou Tristeza que a partir da imagem de uma coisa presente” — ser afetado envolve contemplar como presente. Tampouco temos motivos para acreditar que, do outro lado, pela mesma proposição, essas dinâmicas afeccionais sobre imagens de coisas passadas ou futuras, como o que costumamos chamar de História, não são relevantes para a mobilização política de “movimentos coletivos em larga escala, tristezas individuais ou movimentos esporádicos”. Podemos entender isso como explicitação do quão ampliada é a disputa do que Lordon chama de “maioria ideativa-afetiva”.