Balanço inicial da esquerda no SUL/SE em 2020
Me concentro no SUL/SE porque é onde a esquerda perde desde 2006, ainda que com diferentes ritmos a depender do Estado
O que vimos foi um crescimento expressivo no legislativo e um retrocesso no executivo
O que isso significa?
Temos um retorno do padrão das esquerdas dos anos 80/90
A esquerda se saía bem no legislativo pelo papel “fiscalizador” e ia mal no executivo porque suas propostas não eram “sérias”
Era algo do tipo vocês são muito bons em apontar os problemas, mas não servem para resolve-los
O crescimento da esquerda no final do século XX se deu justamente quando convenceu as pessoas de que podia governar
E não foi nada fácil. Pesou muito a não existência de 2º turno em 88, o que viabilizou vitórias em SP, POA e BH
O sucesso dessas prefeituras virou o jogo
Hoje tem 2º turno. E tem novamente a imagem de que a esquerda não serve para governar
Por isso é fundamental combater a fragmentação. A divisão ou inviabiliza a esquerda no 1º turno ou prejudica o desempenho no 2º turno
E isso porque a transferência de votos não é automática
Vários fatores pesam contra a transferência: corpo mole dos derrotados, mágoas da disputa no 1o turno, rejeições consolidadas e que o curto tempo do 2o turno não permite reverter
Manu e Boulos teriam mais chances de vitória se fossem já no 1o turno candidatos de unidade
No legislativo, mudou o perfil parlamentar: saem operários, bancários, professores (sindicalismo) que eram representativos na época e entram feministas, movimento negro, LGBT, que são representativos hoje
Essa nova representatividade é fundamental para revigorar a esquerda
Outra questão chave é a coordenação: nos anos 80/90, havia um sentido de bancada muito mais forte
No último período, imperou o cada um por si que dificulta muito a construção de projetos majoritários e unidade
Que as novas lideranças nos tragam de volta os sentidos coletivos